Robô Laura é capaz de identificar pacientes com perfil para desenvolver sepse, uma infecção generalizada que mata mais de 600 brasileiros por dia
O que fazer após perder uma filha para a principal causa de morte por infecção no mundo? O caminho comum, para muitos, é o luto e a conformação. Para o analista de sistemas, Jacson Fressato, a morte da filha de apenas 18 dias por sepse, síndrome que surge de uma resposta desregulada do organismo a uma infecção e, se não tratada logo de início, pode levar a morte, trouxe consigo o nascimento de uma ideia que está salvando outras vidas dessa doença.
Nesta quinta-feira, 19, Fressato apresentou no auditório do Hospital Márcio Cunha o projeto Sonho de Laura: o robô que salva vidas, já divulgado em diversos jornais, revistas e programas de TV. Em 2010, o analista perdeu sua filha para a sepse. Após o ocorrido, passou a estudar a doença e o modus operandi hospitalar. Quatro anos mais tarde, Jacson criou o primeiro protótipo do robô Laura. O Sonho de Laura é um projeto que criei com o objetivo de contribuir com a área médica hospitalar para reduzir a mortalidade no Brasil em, pelo menos, 5%. Hoje, 56% da mortalidade no país é por conta de sepse, uma situação clínica que pode acontecer com qualquer pessoa. O que eu descobri, da pior maneira, é que ela acaba tornando-se um fantasma dentro do hospital. Ninguém percebe quando ela se instaura. É necessário uma reunião de informações para que os especialistas consigam ver o que está acontecendo com essa pessoa e daí fazer o devido procedimento, explica.
A apresentação do projeto, assim como a história de vida do seu criador, encantou a todos que assistiram a palestra. A Fundação São Francisco Xavier (FSFX) braço social da Usiminas que administra o Hospital Márcio Cunha estuda a implantação do Robô Laura em suas unidades para 2017. Para Mauro Oscar Soares de Souza Lima, superintendente Geral de Hospitais da FSFX, ter a tecnologia trabalhando lado a lado com os profissionais é fundamental para o sucesso de todos. Hoje em dia, pela quantidade de informações que são produzidas diariamente, é impossível a pessoa estar atualizada de todos os assuntos e todos os temas. A tecnologia vem justamente dar suporte às decisões clínicas, para auxiliar os tratamentos e melhorar os resultados, conta.
Segundo o Instituto Latino Americano da Sepse, a infecção generalizada mata mais de 600 brasileiros por dia. Para evitar outras mortes por sepse, Jacson criou um robô que usa inteligência artificial para identificar sinais da doença. A Laura funciona parecido com um vírus de computador. Ela está instalada em um parque de servidores em Dallas (EUA), na International Business Machines (IBM) que é nossa parceira. De lá, ela acessa os bancos de dados dos outros sistemas, coleta as informações e no cérebro dela processa o que tem que ser feito. Ela é um robô que aprende, ela não foi programada para tratar a sepse, ela foi treinada. Nós queremos que ela se torne um robô especializado em sepse.
O robô é um programa de computador que gerencia riscos, classificando os sintomas dos mais aos menos críticos. Se há uma situação de risco, o programa gera alarmes em televisões instaladas nos postos de enfermagem. Se o tempo de três ou quatro horas é excedido, ela manda mensagens de texto para os celulares da equipe. Fazendo assim, o robô Laura consegue classificar quais os pacientes com mais risco de morte por sepse e adiantar o atendimento desses casos. Funcionando atualmente no Hospital Nossa Senhora das Graças, em Curitiba, o robô conseguiu reduzir a taxa de mortalidade por sepse geral em 10% e aumentar a performance da equipe em 60%.
Para saber mais sobre o trabalho e ajudar a divulgar a iniciativa, acesse os endereços na internet:
www.sonhodelaura.com.br, www.kickante.com.br/sonhodelaura e www.facebook.com/sonhodelaura.