Dr. André Luiz Brandão Toledo – Psiquiatra da Fundação São Francisco Xavier
Amor, informação e inclusão. Essas são palavras chaves para conviver e estimular uma criança com autismo ou transtorno do espectro autista (TEA). Caracterizada como uma síndrome comportamental – que compromete o desenvolvimento motor e psiconeurológico, dificultando a cognição, a linguagem e a interação social – o TEA vem crescendo no mundo.
No dia 2 de abril comemora-se o Dia Mundial de Conscientização do Autismo, que joga luz sobre essa importante temática. Criada em 2007 pela Organização Nacional da Saúde (ONS), a data objetiva difundir informações para a população sobre o assunto e reduzir a discriminação e o preconceito que cercam as pessoas afetadas pelo transtorno.
No Brasil, a incidência sobre o número de pessoas com o transtorno ainda é bastante discutida, mas estima-se que afete 2 milhões de pessoas. Nos Estados Unidos, de acordo com o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), a prevalência do autismo quadruplicou em 20 anos. A incidência entre 2000 e 2002 era de 1 autista para cada 150 crianças. Recentemente, o monitoramento do CDC relata uma prevalência de 1 para cada 36 crianças.
Os transtornos do espectro autista aparecem na infância, na maioria dos casos, nos cinco primeiros anos de vida e tendem a persistir na adolescência e na fase adulta, causando limitações e desafios de vida. A depender de cada caso, o autismo pode ser leve, moderado ou severo. As pessoas afetadas com a síndrome frequentemente têm condições comórbidas, como epilepsia, depressão, ansiedade, transtorno de déficit de atenção e hiperatividade.
Entre os sintomas mais comuns estão movimentos repetitivos e/ou posturas incomuns com as mãos ou com o corpo todo; atraso na fala de palavras isoladas ou frases simples; perda/regressão de habilidades de linguagem previamente adquiridas; falta de interesse nos outros; dificuldades em abraçar; resistência a mudanças; e interesses restritos durante os anos pré-escolares.
Apesar dos diferentes níveis do TEA, a qualidade de vida também irá depender de um diagnóstico precoce. Quanto antes a condição for descoberta, melhores as chances de definição de um tratamento correto e eficaz. O diagnóstico tardio traz implicações para o paciente e a família, compromete as habilidades sociais, e atividades diárias e aumenta a incidência de transtornos psiquiátricos que poderiam ser evitados.
Bastante complexa, a síndrome necessita de um tratamento multidisciplinar de médicos, psicólogos, fonoaudiólogos, pedagogos, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais e educadores físicos, além da necessária orientação aos pais ou tutores. A inclusão começa em casa. Por isso, a importância de oferecer conhecimento ao círculo familiar e de amigos, assim como a escola.
O primeiro passo é entender o que é o autismo e respeitar os limites da pessoa, além de derrubar preconceitos. Diante de informações, o autista precisa ser estimulado para desenvolver habilidades.
O lugar do autista é em todo lugar. É preciso respeitar as diferenças, saber que nem todo mundo é igual e nem todo autista também. É com amor, carinho e conhecimento que a rede de apoio vai promover uma melhor qualidade de vida para a pessoa com TEA, preparando-a para os desafios do mundo.