Hospital Márcio Cunha realiza a primeira cirurgia látex free do Leste de Minas

Sofrer de um tipo de alergia já não é nada agradável. Imagine então ter mais de um tipo de alergia grave e ainda sofrer com limitações, como, por exemplo, evitar festas de aniversário ou não poder fazer uma cirurgia convencional? Na vida da Andreia Aparecida Gonçalves Maciel, isso acontece e tem um nome: alergia a látex. Isso mesmo, aquela matéria-prima da borracha que está presente em diversos objetos, incluindo brinquedos, balões, frascos de produtos, entre outros.

Andreia Gonçalves Maciel, ao lado do marido: "Para mim, a melhor coisa que teve foi poder fazer a cirurgia aqui mesmo, ao invés de ir para Belo Horizonte. É muito bom saber que aqui já tem o que eu preciso."
Andreia Gonçalves Maciel, ao lado do marido: “Para mim, a melhor coisa que teve foi poder fazer a cirurgia aqui mesmo, ao invés de ir para Belo Horizonte. É muito bom saber que aqui já tem o que eu preciso.”

A partir de consultas com especialistas no Hospital Márcio Cunha, em Ipatinga, MG, há pouco mais de um ano, a Andreia recebeu a confirmação de que era alérgica não só a alimentos com os quais já havia tido experiências desagradáveis, como morango, mandioca e mamão, mas também ao látex. “Além de já ter sido levado às pressas ao Pronto-Socorro por conta de alimentos, descobri a alergia ao balão quando ia a festas infantis.. Aos poucos, eu ia piorando, meus olhos começavam a inchar, ficavam muito vermelhos e sentia tampando a respiração, ficando com muita dificuldade de respirar. Desde então, procuro ficar longe dos balões e passei a evitar tudo que tem borracha”, conta ela.
Preocupação que ficou ainda maior quando veio a notícia de precisaria fazer uma cirurgia para retirada do útero. Como então passar por um procedimento sem ter contato com quaisquer partículas e objetos comuns de borracha, como luvas médicas? O caso da Andreia mobilizou profissionais de nove áreas diferentes do Hospital Márcio Cunha, para capacitar a instituição e viabilizar a chamada “cirurgia látex free”. O nome se dá pela necessidade de se ter total ausência de materiais que contenham látex em sua composição não só na sala de cirurgia, mas por todos os ambientes por onde a paciente passar. “Existe um preparo diferenciado da assistência dentro da unidade hospitalar, para que se consiga realizar um procedimento com essas características de forma segura e eficiente, atendendo a paciente com a qualidade e o conforto necessários”, explica Charlles Rodrigues Soares, enfermeiro supervisor do Centro Cirúrgico.
A partir da solicitação da Diretoria, todas as equipes se debruçaram sobre o assunto e buscaram as melhores evidências científicas para a criação de um protocolo de cirurgia para os pacientes com alergia a látex. Foram necessárias adequações técnicas e comportamentais, bem como o fornecimento de suprimentos e equipamentos livres de látex em sua fabricação. Daí, outras medidas foram tomadas, tais como:
– agendamento do procedimento para ser o primeiro do dia;
– treinamento dos profissionais envolvidos, com a realização de um simulado antes;
– higienização e limpeza da sala cirúrgica, com a retirada total de materiais e equipamentos que têm látex, como luvas cirúrgicas, sondas, estetoscópios, cateteres, garrote, máscaras;
– substituição de todos eles por materiais feitos de silicone;
– substituição das embalagens das medicações que tenham alguma borracha para seringas;
– substituição de cadeiras por bancos;
– isolamento da sala limpa e esterilizada no dia anterior;
– descontaminação do ar da sala fechada, com a renovação constante do ar por 8 horas.
WhatsApp Image 2017-03-17 at 11.51.38“Foi uma quebra de paradigmas no Centro Cirúrgico, com o apoio da alta direção do HMC e de áreas como Manutenção, Higienização, Laboratórios, Suprimentos, Núcleo de Segurança do Paciente, Internação e até UTI, que estava de prontidão no caso de uma eventual emergência. Todos ficaram surpresos com a mobilização e o resultado final positivo. A partir desse procedimento, o Hospital Márcio Cunha passa a ser o primeiro do Leste do estado nesse padrão de segurança e qualidade e um dos primeiros e poucos de Minas Gerais capacitados para realizar cirurgias látex free daqui para frente”, comemoram os médicos anestesiologistas Alexandre Silva Pinto e Romerus Geraldo do Pinho.
Todos esses cuidados foram percebidos pela Andreia e seus familiares, até mesmo nas visitas no apartamento de internação. O quarto não teve nenhum material de borracha e a equipe de assistência, a cada entrada, tomava as devidas precauções, como o uso do propé sobre os tênis e sapatos. “Fiquei feliz em ver a atenção do hospital. Para mim, a melhor coisa que teve foi poder fazer a cirurgia aqui mesmo. Não queria ir para Belo Horizonte só para operar, é muito longe. E a gente fica preocupada também: se caso eu precisasse um dia de fazer uma cirurgia de emergência, como eu vou para Belo Horizonte? Por isso é muito bom saber que aqui já tem o que eu preciso, pois, se eu um dia eu precisar, eu sei que o hospital aqui pode me atender. O que é bom para outras pessoas com a mesma alergia também”, agradece a paciente.
 

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