Médico neurologista da FSFX fala sobre a doença e tabus
A campanha “Março Roxo” traz um alerta sobre a importância de mobilizar e informar a população sobre os cuidados referentes à epilepsia, uma doença neurológica comum, que ocorre em todas as idades e caracteriza-se por uma variedade de apresentações e de causas e, por uma predisposição permanente de gerar crises.
O médico neurologista da Fundação São Francisco Xavier, Dr. Wesley Moreira Vieira, explica que a conscientização e a compreensão sobre a epilepsia são fundamentais para garantir o suporte adequado aos pacientes com a doença. “É muito importante trazermos a epilepsia em discussão, pois ainda há um tabu em falar do assunto e isso acaba dificultando o acesso das pessoas à informação. Um paciente com epilepsia deve ser acompanhado e avaliado em sua totalidade, e em todas as possíveis manifestações relacionadas a essa condição”, afirma.
Ainda existem na nossa sociedade pessoas que acreditam que a epilepsia tem como origem um fundo espiritual, mas, atualmente, explicações fisiopatológicas e alterações orgânicas explicam as crises epilépticas. “Não é uma condição de origem espiritual e sim uma atividade cerebral, uma doença de fácil controle, para a grande maioria dos pacientes e que após um tratamento bem estabelecido, bem indicado de maneira individual, possibilita aos pacientes voltarem a ter qualidade de vida e uma rotina normal”, ressalta o médico.
O neurologista orienta, ainda, que algumas medidas simples podem ajudar no controle das crises de pacientes que têm epilepsia, como evitar o uso de bebida alcoólica, evitar a privação do sono e manter o uso regular das medicações.
A crise epiléptica pode ter manifestação incomum, muito discreta, levando a uma dificuldade e até a uma baixa suspeita do diagnóstico da doença. Mas, o paciente pode ter uma crise epiléptica conhecida como crise convulsiva, caracterizada por uma intensa atividade motora tanto dos braços como das pernas, por vezes, com mordedura de língua, podendo urinar na roupa.
“Ao identificar um paciente em crise epiléptica, principalmente numa crise convulsiva, ele deve ser virado de lado, ter sua cabeça e seus membros protegidos, dentro do possível. Não devemos colocar o dedo dentro da boca do paciente na tentativa de puxar a língua e desobstruir via aérea, porque o paciente não tem controle do que está acontecendo. Deve-se virar esse paciente de lado, assim diminuirá a chance dele bronco aspirar a secreção que, por vezes, é produzida na sua cavidade oral. Em alguns minutos, ele retornará ao seu estado de base, de maneira bem lenta, inicialmente mais letárgico, confuso, e aos poucos vai redobrando a sua consciência”, explica Dr. Wesley.
A Epilepsia
Atualmente existem vários tratamentos para epilepsia, podendo ser medicamentoso, cirúrgico, e, ainda, baseado em algumas dietas específicas.
O tratamento deve ser individualizado, de acordo com o tipo de crise do paciente, e após análise dos exames complementares, incluindo imagens, eletroencefalograma e das características do paciente, para que seja realizada uma estratégia adequada de tratamento.
“É importante ressaltar que algumas crises epilépticas têm manifestações realmente difíceis de serem suspeitadas, no qual o paciente pode ter apenas sensações repentinas, súbitas e transitórias de medo, de angústia, de perdas de memória e alterações visuais. Ou seja, o paciente pode ter sintomas muito discretos e recorrentes, mas que pode tratar se de uma crise epiléptica. O acompanhamento médico é fundamental. É preciso que as pessoas se cuidem, tenham uma vida saudável e, sempre que tiver algum sintoma, procure o médico e converse sobre epilepsia” conclui o médico.