HMC realiza captação de coração inédita no Vale do Aço

O Hospital Márcio Cunha, em Ipatinga (MG), realizou pela primeira vez na região do Vale do Aço uma captação de coração de um doador falecido para ser transplantado em outro paciente. O trabalho inédito foi realizado na última semana por profissionais que integram a Comissão Intra-hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes (CIHDOTT) do próprio HMC em conjunto com a equipe do Hospital Felício Rocho, de Belo Horizonte. Além do coração, levado para capital mineira, transplantado no mesmo dia e dando vida nova a um homem de 28 anos que sofria de Doença de Chagas, os profissionais captaram ainda fígado, rins e córneas, que ajudarão a outras pessoas.
“Isso ratifica não apenas a assertividade das campanhas de conscientização que a Fundação promove para doação de órgãos junto à comunidade, mas, principalmente, as condições clínicas, técnicas e tecnológicas que o Hospital Márcio Cunha possui hoje para dar o diagnóstico de morte encefálica e possibilitar tais atendimentos de alta complexidade, integrando-o à rede do MG Transplantes”, ressalta André Fonseca, urologista e médico da equipe de captação e transplantes do HMC.
Captacao_noticiaHoje, o Márcio Cunha, que atende a clientes da Usisaúde, convênios e do Sistema Único de Saúde (SUS), mantém a disposição de suas equipes métodos como arteriografia cerebral e eletroencefalograma para confirmar este diagnóstico, que auxiliam a avaliação do médico neurologista. A corrida pela vida com a doação de órgãos ganhou ainda aliados importantes nos últimos anos no hospital. Destaques para a criação do Leito de Apoio à Vida – exclusivo para pacientes com morte encefálica; para a maior capacitação da equipe da CIHDOTT, que hoje conta com médicos, enfermeiros, fisioterapeutas e psicólogos; e para a inauguração do Heliponto, que agiliza não apenas a captação e o envio de órgãos para outros hospitais por meio de helicópteros, mas também, serve para o acolhimento de urgência a pacientes e profissionais trazidos de outros hospitais e até diretamente de acidentes nas rodovias.
“Vemos isso como uma parceria. Dá para contar, tanto em Belo Horizonte quanto nas demais regiões do estado, as poucas equipes capacitadas e preparadas para esse tipo de procedimentos como esta. O Márcio Cunha é um hospital estruturado, organizado e o trabalho foi excelente”, elogia Ricardo Perelló, cirurgião cardiovascular do Hospital Felício Rocho que participou da captação inédita de coração no HMC.

Gesto que salva vidas

Para pacientes de Belo Horizonte receberem ‘novos’ coração, rins, fígado e córneas captados a 250 km de distância e vislumbrarem vida nova daqui em diante, foi preciso, antes de tudo, o gesto nobre de uma família em Ipatinga: autorizar a doação de órgãos de um parente que acabara de falecer. Vítima de traumatismo crânio-encefálico após um acidente de trânsito, o paciente recebeu toda a assistência necessária para a melhora das condições de saúde. Apesar dos esforços terapêuticos de toda equipe, não resistiu e teve confirmado o diagnóstico de morte encefálica (parada completa e irreversível de todas as funções do cérebro).
É aí que entra em cena o importante trabalho de conscientização da CIHDOTT, principalmente, em casos como este. “O processo de acolhimento familiar é de extrema relevância para doação, já que muitas vezes, quando o paciente dá entrada no hospital, a família nem sempre compreende o que está acontecendo com seu ente, muito menos, quando é declarada a morte encefálica. Esse é o objetivo da psicologia, o de realizar esse processo de acolhimento familiar e o de auxiliar no processo de racionalização do luto, de morte. Por isso, nosso papel não é a priori ofertar a possibilidade de doação, mas acolher e humanizar o processo de doação de órgãos”, explica Sérgio Santos Siqueira, psicólogo e membro da CIHDOTT do HMC.
Se você quer ser um doador, avise a sua família. O passo principal para se tornar um doador de órgãos é conversar com a sua família e deixar bem claro o seu desejo. Não é necessário deixar nada por escrito. A doação de órgãos é uma manifestação de solidariedade mesmo após a vida, ajudando a salvar e melhorar a vida de muitas outras pessoas.
 

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