Síndrome de Burnout e os riscos à saúde mental no trabalho

Conteúdo atualizado em 08/02/2022  

Tempo de leitura: 8 minutos

As condições de trabalho (horários, natureza das atividades, ambiente, sobrecarga) são capazes de desencadear uma série de ameaças à saúde mental dos profissionais. Com isso, podem surgir doenças como a Síndrome de Burnout.

De modo geral, sensações como tristeza, ansiedade, indiferença, irritabilidade, falta de poder de concentração e alterações bruscas de humor podem ser alguns dos indícios de quem sofre com esse tipo de transtorno, que se não tratado corretamente pode evoluir para manifestações mais graves.

Por isso, é muito importante que esse tema seja discutido no ambiente de trabalho e na vida cotidiana do indivíduo. O objetivo deste post é apresentar o conceito da Síndrome de Burnout, suas causas e sintomas, bem como o tratamento recomendado. Continue lendo e fique por dentro!

O que é a Síndrome de Burnout?

A síndrome de Burnout é um estado de tensão e exaustão física, emocional e mental extrema, cujo motivo primário está relacionado com a atividade/ ambiente profissional.

A pessoa se vê, portanto, diante da Síndrome de Burnout, um termo de língua inglesa que significa “um colapso físico e/ou mental causado pelo excesso de trabalho ou por estresse”.

Mesmo esgotada, a pessoa continua comparecendo à empresa onde trabalha, mas passa a apresentar pouca ou nenhuma produtividade. Muitas vezes é confundida com estresse pela semelhança de sintomas. No entanto, essa síndrome pode resultar num estado de depressão profundo, e por isso seu reconhecimento, assim como buscar ajuda profissional o quanto antes, são fundamentais

Quais são as causas e sintomas do Burnout?

O Burnout pode ter origem em diversos fatores, o que depende de cada indivíduo e do que ele entende como esgotamento relacionado ao trabalho. Pode ser excesso de responsabilidade, carga horária prolongada sem descanso ou relacionamento interpessoal tóxico.

Além das sensações que mencionamos no início deste artigo, ao se desenvolver, a Síndrome de Burnout evolui para sintomas físicos, emocionais e comportamentais ainda mais intensos. Veja alguns dos mais frequentes: 

  • Cansaço extremo
  • Dores de cabeça contínuas
  • Oscilação do apetite
  • Insônia
  • Dificuldade de concentração
  • Negatividade frequente
  • Sentimento de incompetência
  • Hipertensão
  • Isolamento repentino com alteração do humor
  • Sentimento de derrota
  • Insegurança
  • Desesperança
  • Alteração do trato gastrointestinal

Como diagnosticar e tratar a Síndrome de Burnout?

O diagnóstico da Síndrome de Burnout não é simples, pois os sintomas e comportamentos podem ser facilmente associados a outras patologias que também afetam o estado físico e psicológico do indivíduo. 

Em meio a crises e mudanças bruscas é importante que a pessoa seja avaliada por um especialista, a fim de investigar o histórico, avaliar possíveis causas e fazer uma análise clínica. Nesse processo são verificadas a rotina e atividades no trabalho para entender os pontos de maior impacto e gatilho. 

Normalmente, psiquiatras e psicólogos são os profissionais mais indicados para acompanhar o caso e fechar um diagnóstico. Depois disso, o tratamento deve ser iniciado considerando o grau de intensidade e nível de acometimento da síndrome. 

Para tratar o Burnout, o paciente pode ser submetido a sessões de psicoterapia que o ajudem a lidar com as emoções e não canalizar o que há de ruim para o corpo. Durante o tempo com o terapeuta ele é levado a refletir sobre os acontecimentos e enxergar o que precisa mudar para se sentir bem e sem sobrecarga. 

Parte do tratamento consiste em mudar as condições do trabalho que levaram a pessoa à exaustão profunda. Também costuma-se recomendar atividade física regular, atividades de lazer, passar mais tempo com familiares e amigos, e exercícios para aliviar a tensão, por exemplo.

Em conjunto com a terapia, nos casos mais graves, podem ser usados ansiolíticos ou antidepressivos para ajudar nos momentos de insônia, irritabilidade ou sentimento profundo de insegurança. A atividade física regular e mudança de hábitos no trabalho e na vida, formam um conjunto de medidas que colaboram para o tratamento. 

Tão eficazes no tratamento de uma síndrome já instaurada, todos esses recursos são também preventivos e podem evitar seu surgimento. Ao detectar que o trabalho tem causado sensações negativas, recorrer à ajuda profissional pode eliminar diversos sintomas desagradáveis.

Como os afastamentos causados por danos à saúde mental afetam as empresas e os trabalhadores?

De acordo com a Organização Mundial de Saúde, os problemas de ordem mental/ emocional são responsáveis pela maior parte dos afastamentos de trabalhadores de seus postos de trabalho. A partir de 2022, a Síndrome de Burnout passa a figurar na Classificação Internacional de Doenças, apontada como um fenômeno ligado ao trabalho capaz de afetar a saúde e qualidade de vida.

No Brasil, os problemas de natureza psicoemocional respondem pelos afastamentos mais duradouros em número de dias. Para as empresas, tais afastamentos resultam em aumento de custos:

  • Os visíveis – aqueles decorrentes dos valores pagos ao funcionário que não está trabalhando
  • Os invisíveis – aqueles decorrentes da sobrecarga das equipes

Já a sociedade é obrigada a arcar com o preço pago à Previdência Social, por isso, as empresas agora terão que mudar a conduta ao perceberem sinais de Burnout em seus colaboradores e criar políticas de tratamento para os tipos de casos.

Finalmente, para o trabalhador, os impactos são o próprio adoecimento, a interrupção do crescimento na carreira e o prejuízo nas relações familiares e afetivas. Em casos extremos, a pessoa pode até desenvolver a chamada “síndrome do pânico”.

Como reintegrar o trabalhador que passou por um problema mental ou emocional?

Reinserir um trabalhador que esteve doente emocionalmente no ambiente de trabalho é um processo delicado e trabalhoso. É necessário que o gestor, a equipe e o próprio funcionário se adaptem às mudanças que se fizerem necessárias às novas rotinas laborais.

A participação da equipe de RH e de um(a) psicólogo(a) são importantes para auxiliar no processo de readaptação e medir os resultados alcançados após a implementação das medidas que se fizerem necessárias.

O que fazer para reduzir os riscos à saúde mental no trabalho?

O primeiro passo que as empresas podem dar é a realização periódica das pesquisas de clima e dos indicadores de afastamento. Com os dados em mãos, é possível traçar estratégias que minimizem tais riscos a partir de uma gestão de recursos humanos presente e atuante.

Os programas de prevenção e a criação de uma ouvidoria dedicada exclusivamente a receber as críticas e as sugestões dos funcionários também são boas ações. Já ao colaborador cabe analisar as suas perspectivas profissionais e pessoais de modo a compreender melhor as suas expectativas e projetar as mudanças necessárias.

A inclusão de atividades físicas e de ações que promovam o autodesenvolvimento pode abrir novas possibilidades motivadoras.

Ao mesmo tempo, é aconselhável manter um diálogo aberto com o gestor, de modo que este esteja ciente de possíveis problemas no ambiente de trabalho que podem representar riscos e trazer à tona os distúrbios canalizadores da Síndrome de Burnout.

Algumas ações importantes  no dia a dia que podem reduzir os casos de Burnout e manter a qualidade de vida no trabalho: 

  • Dê atenção aos sinais de alerta: insônia, alterações da memória, fadiga, irritabilidade, ansiedade; 
  • Estabeleça e organize suas prioridades;
  • Não assuma compromissos sem avaliar sua agenda e disponibilidade;
  • Entenda que a comunicação é fundamental;
  • Compreenda os gatilhos de estresse;
  • Tenha uma rede de apoio;
  • Limite seu tempo de trabalho;
  • Aprenda a dizer não.

Se você gostou deste post, que tal aproveitar a visita e ler mais um conteúdo, dessa vez sobre o cansaço mental, como identificar e lidar com esse problema para manter a saúde e qualidade de vida!

Referências:

ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE MEDICINA DO TRABALHO. A síndrome de burnout e sua relação com a saúde do trabalhador. 2015. Disponível em: <https://www.anamt.org.br/portal/2015/04/20/a-sindrome-de-burnout-e-sua-relacao-com-a-saude-do-trabalhador/>. Acesso em: 10 Jan. 2022

ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE MEDICINA DO TRABALHO. O que é a síndrome de burnout, que entrou na lista de doenças da OMS. 2019. Disponível em: <https://www.anamt.org.br/portal/2019/11/04/o-que-e-a-sindrome-de-burnout-que-entrou-na-lista-de-doencas-da-oms/>. Acesso em: 10 Jan. 2022

Demeneck VA; Kurowski CM. Síndrome de burnout: Ameaça da saúde mental do trabalhador. Disponível em: <https://img.fae.edu/galeria/getImage/1/5083007472669816.pdf>. Acesso em: 10 Jan. 2022

MINISTÉRIO DA SAÚDE. Síndrome de Burnout. 2020. Disponível em: <https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/s/sindrome-de-burnout>. Acesso em: 10 Jan. 2022

Prado CEP. Estresse ocupacional: causas e consequências. 2015. Disponível em: <https://www.rbmt.org.br/details/122/pt-BR>. Acesso em: 10 Jan. 2022

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